30.9.14

#DL - Wicked!

tema de setembro: MÚSICA

Gente louca tem dessas: em vez de pegar um livro propriamente dito, lê o script do musical "Hedwig and The Angry Inch", de John Cameron Mitchell. Para quem estava empacada na leitura de "A Mandrágora" (sim, a peça) há dois meses, terminar um libreto completo foi mais que um luxo. Porque Hedwig é mais que um luxo. Ela é luz... tome nota, Leslie Pierce!!!

Uma alemã oriental que tem uma troca de sexo mal sucedida nos anos oitenta, se muda para os Estados Unidos, é abandonada pelo marido e vira baby sitter/compositora? Hmm.

Assisti à peça com Neil Patrick Harris na Broadway em julho*, e só ele mesmo - e muito rock! - para me impedir de chapar no dia que eu estava só a capinha do Batman... Chegada há poucas horas do Hemisfério Sul, bati perna na Times Square, encarei a fila do TKTS num calor do cão, comi, fui à matinê, passei no hotel para tomar banho, botei um vestidinho e TCHA-RAN! Valeu a pena.

Não é pouca coisa não. Os prêmios Tony deste ano elegeram Hedwig como o melhor revival (o de 2013 foi "Pippin", que vi na sessão das duas), NPH o melhor ator e a melhor atriz, Lena Hall.

Yitzhak: marido, back up singer e roadie

Ah, Lena! Lena é Yitzhak, que é Krystal, que é basicamente Lena (uma menina talentosíssima) de peruca loira. Assim como Neil é Hansel, que é Hedwig, que é Tommy, que é Neil. Quase a trama de "Cambaio" outra vez: uma pessoa dentro da outra, dentro da outra. Mas a peça fala sobre muito mais.

Assim são as estrelas na vida real. Lindinhos.

Amor próprio, aceitação, igualdade, maturidade. O bis da canção "Wicked Little Town" é de arrepiar até os pelinhos mais finos das costas. E, como bônus, o libreto traz ainda trechos do Evangelho de São Tomé e de um discurso de Aristófanes. Chique.

Chiquérrimo. E recoberto em glitter.


* para os que não tiveram tempo de ver o lado trans de Barney Stinson, o ator Andrew Rannells dá vida à protagonista até o próximo dia 11 - depois disso... CORRE, MEU POVO! que o papel passa para as mãos e as plataformas douradas de Michael C. Hall (o Dexter da série de TV!!!), nas quais fica até 04 de janeiro.

Para saber mais sobre o Desafio, clique aqui.

29.5.14

#DL - Sobre elefantes e agentes secretos

*Nota da autora: perdi tudo que havia escrito aqui, então terei de começar de novo. Talvez a empolgação falhe um pouco - sejam solidários à minha dor! HEHEHE* 

tema de maio: BICHOS!

(Valia qualquer animal. Como não sou consumidora de Marleys e afins, porque já basta eu me esbugalhar de chorar vendo os filmes, achei um único título que se encaixava no perfil... de Agatha Christie! E o livro, comparado aos "tijolos" dos meses anteriores, era fininho. Delícia.)

Em Os Elefantes Não Esquecem, Dame Agatha arranjou um alter-ego - a escritora de romances policiais Ariadne Oliver - para viver a aventura junto ao já querido inspetor Hercule Poirot. Os bichos do título não são bem bichos, nem aparecem (propriamente ditos) na trama. Mas vale a metáfora: seres quase pré-históricos que se lembram de tudo. A trama é singelinha, só um caso de disse-me-disse no passado da mocinha, com direito a noivo apaixonado e sogra encrenqueira.

Ariadne Agatha Oliver Christie (na versão televisiva)

Devo dizer que matei a charada lá pelo meio do livro, mas continuei para confirmar que era aquilo mesmo. Era. Nesta obra, Agatha Christie não joga nenhuma bola de efeito, como às vezes faz. Não é realmente um de seus best sellers... e daí?

Aproveitei o embalo e o prazo (um mês por livro) que estava longe de acabar, continuei no clima e encarei um dos "Mistérios dos Anos 40" que ganhei de mamã e papá no Natal, o simpático M ou N?. Um casal de meia-idade, agentes secretos tão secretos que nem os filhos sabem o que eles fazem da vida, sai de sua vida pacata para embarcar em uma missão durante a Segunda Guerra Mundial. A Quinta Coluna, os alemães, espiões e traidores já fariam da história um bom entretenimento mesmo que não fosse instrutiva.

Resumindo (post requentado é assim): sou fã e, quando crescer, quero escrever igual a ela. Incluindo os livros menos badalados. Para mim, she can do no wrong!

9.5.14

#DL - Ma dai, Roberto!?!

tema de abril: HYPE DO MOMENTO

(Já vi uma palestra sobre Dan Brown ser intitulada "Má literatura de alta qualidade". Eu, particularmente, prefiro chamar de "Harry Potter para adultos". O cara escreve, diverte e vende bem. Por que não lê-lo?)

Pois bem. Robert Langdom continua o mesmo. Rodando enlouquecido por uma cidade maravilhosa, cada vez acompanhado de uma mulher mais fascinante e misteriosa que a anterior (Alô, Sr. Édipo, favor comparecer ao balcão de informações!), e sempre atrás de uma obra de arte que lhe explique o sentido da vida. Desta vez o cenário é Florença, a companheira de aventuras é uma médica inglesa superdotada, e a obra é A Divina Comédia de Dante. A diferença está em uma inexplicável amnésia, e no fato de o próprio governo dos Estados Unidos estar à sua caça. Ou não.

"O poeta não morreu, foi ao Inferno e voltou"

Desde que li "O Código da Vinci", creio que a maior graça dos livros de Mr. Brown seja conhecer os locais visitados. A pesquisa de locações (por assim dizer) do cara é excepcional... e a trama enrola-e-desenrola, embora atraia a atenção do leitor, para mim acaba ficando em segundo plano. Inferno não foge da fórmula: vamos juntos numa corrida maluca para salvar o mundo. Se a motivação não for nobre o suficiente (e, neste livro, é), a paisagem fará tudo valer a pena. Minha cereja no bolo - ATENÇÃO! POSSÍVEL SPOILER - foi a passadinha relâmpago por Veneza, mesmo que tenham reduzido a cidade à Basílica de San Marco.

Agora, sinceramente, os casos platônicos do protagonista já deram o que tinham que dar. As langdom girls, que são pouco mais que bond girls com cérebros, aparecem no começo do livro e somem para sempre no final. Blá blá blá. São lindas, deixam o cara com as calças na mão, posam de vítima, dão um selinho nele e vão embora. Sem graça, hem?

Se até 007 se casou, acho que estava na hora do Professor Langdom ter uma parceira à sua altura. Alguém com menos forma e mais conteúdo. É só uma dica.


Para saber mais sobre o Desafio Literário, clique aqui.

1.5.14

'Bora trabalhar

Maio, mês de muitos começos na minha vida. Em 01/05/1982, minha família chegou a Brasília. Na noite de 28/05/1994, ao me apresentar no mítico Carnegie Hall de Nova Iorque, fui pega pela "mosca azul" na primeira viagem de coral das várias que fiz pelo mundo afora. Em 31/05/2001 encerraram-se minhas aulas da pós-graduação. Dia 21/05/2012 voltei (de vez?) a morar em São Paulo.

Aproveitando, então, esta conspiração universal para que os maios sejam turning points em meu caminho, lanço a mim mesma um desafio; ou melhor, dois:

- escrever algo todos os dias. Sim, começando hoje! Lista de compras e mensagem para os amigos não contam. Tem que ser um textinho - seja narrativo, descritivo ou dissertativo (e viva os professores de redação no segundo grau, KKKK) - ficcional ou não, para malhar meus músculos autorais. Espero que até o fim do mês não doa mais tanto.

- preparar um convescote em casa. Adoro receber os amigos, e o apê de Santa Cecília merece ser ocupado pela gente fina, elegante e sincera que me cerca. Não sei como nem quando (em qual dia exato), mas vou começar a agitar uma baguncinha qualquer. Se der certo, quero repetir o evento mensalmente.

Bom... agora vou deixar de promessas e arregaçar as mangas. Tenho muitas estórias e histórias para contar, uma casa e duas filhas felinas para cuidar, e um chuveiro quentinho me esperando antes de começar o rebuliço.

23.3.14

#DL - Desconstruindo Bradley Cooper

tema de março: FILME OU LIVRO?

(Mais um da séria série "Ganhei e Levei Um Ano para Ler".)

O Lado Bom da Vida, de Matthew Quick. No original, Silver Linings Playbook. Quando assisti o filme - e gostei muito, diga-se de passagem - impliquei com a tradução do nome. Mas esta sou eu, implicando com títulos em português desde 1986. No Brasil não temos a expressão in every cloud there is a silver lining, tampouco a tradição dos playbooks. Tática aqui é combinada da boca para fora mesmo, e ver "o lado bom" das coisas é muitas vezes consequência do "pão e circo" que a gente vive.

Ops, fiquei política. Vamos voltar ao livro!

Para quem foi ao cinema e ficou arrebatada pela interpretação de Jennifer Lawrence, é bem difícil ignorar o elenco do filme. Ou os inconvenientes olhos azuis de Cooper, que o transformam em um galãzinho do subúrbio em que a trama é centrada. Pat Peoples deveria, no meu entendimento de leitora, ser um homem de aparência comum, o amigo-problema que todo mundo receia contrariar, bombado por quatro anos (e não oito meses!) de malhação frenética.

A idade de J-Law também foi um problema. Porque, cada vez que eu fechava o livro e via a menina na capa, tinha uma recaída e perdia a Tiffany trintona e viúva da minha imaginação.

Para todos os efeitos, eu me esforçava em visualizá-la uma espécie de Courteney Cox. No papel de Pat, Jonathan Rhys-Meyers (repito, "torado" na academia) com lentes castanhas. E para Pat Sr., acho que deveria ser escalado alguém mais anglo-saxão, como Brendan Gleeson. Seria mais fácil do que conceber um italiano (que identificamos como latino, passional, expansivo) que não fale com seu filho durante 90% da história e se comunique com a esposa por meio de bilhetes. Aliás, originalmente eles são irlandeses.

Outra coisa: o futebol americano é uma grande parte da narrativa. Quase um documento histórico da temporada dos Philadelphia Eagles, e mais uma mostra da inadequação do protagonista ao mundo em que todo o resto (do mundo?) vive... Ele esteve fora por quatro anos, não sabe o nome de nenhum jogador, mas torce loucamente porque seu pai, seu irmão, seus amigos, seu terapeuta, fazem assim. Going with the flow.


Hank Baskett, wide receiver dos Eagles de 2006 a 2009

Devo dizer que achei ainda que a ordem dos fatores alterou inteiramente o produto. Se, no filme, as pessoas são só meio maluquinhas, no livro são todos doidos de pedra. O desfecho da estória, para mim, não mostra luz no fim do túnel. Não que seja necessariamente ruim isto; na vida não há mesmo final feliz (ou perfeito) garantido!

Portanto, surpreendendo o senso comum - e minha própria opinião, na maioria das vezes - entre filme e livro, preciso escolher o FILME. O diretor David O. Russell fez algo raro (porém não inédito) no roteiro, que é melhorar o romance em que ele se baseia.

Mas eu gostaria que tivessem sido mais fiéis ao perfil original das personagens.

24.2.14

#DL - Brilha, brilha, estrelinha!

tema de fevereiro: JULGANDO PELA CAPA

(Catei aquele volume azulão com vistosas estrelas em amarelo-ouro que me esperava na cabeceira desde o Natal de 2011.)

foto de Renata Pinheiro, no Flickr

Marian Keyes é autora de vários livros de mulherzinha, como Férias, Melancia e Casório. Em A Estrela Mais Brilhante do Céu, ela volta a falar de relacionamentos, amor, família com o mesmo enfoque inicialmente naïf das outras obras, com a diferença de que aqui o personagem principal (mesmo que subentendido) é... um prédio: o número 66 da Star Street, onde (quase) tudo se desenrola.

Outro diferencial é que a estória possui um narrador externo que observa todos os apartamentos e seus moradores, à procura de algo que, a princípio, não sabemos. Confesso que, quando o objetivo (deste narrador) é finalmente esclarecido, exalei um sonoro "Oooow...". Consequência de se ler chick lit.

Ainda assim, considero que esse clímax leva capítulos demais para acontecer.  Nos outros livros de Marian Keyes, também os conflitos são apresentados mais cedo.

Sim, ela trata de assuntos sérios (como nos romances anteriores, nos quais aborda adicção, abandono e violência psicológica, pressões sociais), mas - não sei se por medo de pesar demais a mão, ou pela quantidade de tramas paralelas que tomam centenas e centenas de páginas - a parte mais cinzenta do enredo fica varrida sob o tapete até próximo do final e tem uma resolução, embora bem explicada, rápida e sem maiores aprofundamentos.

Acho que meu lado sádico se acostumou a ver as personagens de Keyes comendo o pão que o diabo amassou. Em "A Estrela Mais Brilhante..." há um sofrimento contido, internalizado. Não deixa de ser bom; apenas traz um ritmo diferente.

Se outras obras da autora seriam filmes deliciosos, dada a riqueza de todas as tramas presentes (que, em determinado ponto, se tornam sim necessárias), esta deveria ser transformada em série! 

Já aceito, de antemão, integrar a equipe de roteiristas.
Nem que seja para "saber" que fim levará - lá pelo segundo ou terceiro ano - a relação entre a irlandesa Lydia e o polonês Andrei. Ou para acompanhar as trapalhadas amorosas e sexuais de Fionn no interior.


Para saber mais sobre o Desafio Literário, clique aqui.

4.2.14

#DL - A desfrutável

Para saber mais sobre o Desafio Literário, clique aqui.

tema de janeiro: NA ESTANTE

(O pobre do livro possuía uma camada de poeira considerável, porque foi comprado numa promoção de "qualquer título por R$10" e prontamente colocado sobre a mesinha, ainda em Brasília. Moro há quase dois anos em São Paulo. Já era hora de alguém resgatá-lo!)

Pensei que Messalina - A Imperatriz Lasciva, de Siegfried Obermeier, fosse uma narrativa das incursões sexuais, aventuras, traições e escapadelas da protagonista. Sim, elas estão lá, mas em um grau menor do que se espera de uma obra que traz a lascívia já no título. Na verdade, sua condição de mulher do imperador Cláudio César toma uma grande parcela do enredo, que descreve planos e golpes de Estado (como a derrubada de Calígula) com detalhes.

arte de Victor Tchetchet (1945)

No seio do Império Romano, no qual homens e mulheres de destaque tinham amantes, desconhecidos e conhecidos, a pequena Valéria Messalina nasceu com curiosidade para o sexo. Nada demais para a época. A moça era filha mimada de um senador. O problema, pelo que conta o livro, era a falta de critério e de discrição. E as mentiras e tramoias para conseguir o que queria, na hora em que queria (do jeito que queria).

Quer dizer, num certo ponto, ela se entrega ao meretrício.
E resolve que quer-porque-quer um tal Gaio Sílio, homem bem casado e de vida (até então) tranquila.

São 569 páginas de muitas articulações políticas, vários capítulos dedicados à vida do Augusto Cláudio - o que são pontos positivos! - mas falta luxúria... sedução... fantasia, talvez. Às vezes o autor imprime alguma sensualidade no texto, mas logo se atém aos aspectos físicos e fisiológicos do "ato".

Sei lá. Me parece que uma mulher de sangue latino, cujo nome se tornou sinônimo de promiscuidade, devia gostar bem mais do rala-e-rola do que nosso biógrafo - historiador, alemão, homem - conseguiu ou teve coragem de transmitir. As personagens são fantásticas. Só precisam de um olhar mais caliente.

7.1.14

Desafio Literário (vulgo #DL)

Todo mundo olha para a minha cara e acha que eu leio compulsivamente.

Eu acho que leio pouco. Para quem pretende ganhar a vida com textos, então, leio pouquíssimo! Quando começo algum livro, sim, me empolgo e varo madrugadas... já consegui devorar quatro livros em uma semana de férias... mas, vai entender por quê, sou muito indisciplinada para começar. Necessito de um empurrão.

Aí descobri esse tal "Desafio Literário do Tigre", que propõe que se leia ao menos um livro por mês (a gosto do freguês), seguindo temas pré-estabelecidos. Eu precisava mesmo de um método para atacar as duas pilhas de volumes empoeirados nas mesinhas de cabeceira.

Então vambora!!! Apertem os cintos, que 2014 vai ser meio diferente por aqui.

Espero que se divirtam tanto quanto eu :)


11.8.13

Regras de uma vida desregrada

O despertador me grita, inflexível, às 9h20 da manhã todos os dias. Desligo o alarme e durmo até onze e meia, meio-dia. Não costumo ver motivos para me levantar antes disto. Ligeiramente depressivo, eu reconheço.

A agenda do dia é realizada na seguinte ordem: xixi (e vinte minutos de cafuné na Pretinha), um copo d'água, remédio do joelho, água para as gatas, café da manhã, limpeza das caixinhas de areia, varrer a casa, colocar a ração. Só então recolho os restos (prato, caneca, faquinha) sujos da mesa e vou escovar os dentes. Critiquem se quiserem, mas seguir esta rotina me habilita a não pular atividades importantes... Sim, eu sou capaz de me esquecer de ir ao banheiro!

começa a confusão, porque em alguns dias eu arrumo cuidadosamente a cama e em outros não. Às vezes só estico as cobertas e dou uma batida nos travesseiros. Tem dias em que me lembro de lavar as roupas sujas, mas normalmente uma meia chega a ficar dois ou três dias de molho, caso eu não passe pela área de serviço no decorrer das tardes. Os lençóis que deveriam ser trocados de 15 em 15 dias dormem quase um mês ininterrupto comigo, assim como o pijama da vez. Sei que devo frequentemente aspirar o pó, passar pano, limpar as prateleiras, organizar papeis e contas, dar conta da louça, descongelar carnes para o almoço, molhar meu antúrio baby, consertar o abajur (ou outro badulaque) quebrado, descer com mais peças para a costureira ajeitar, procurar um sapateiro... sem falar em mandar fazer óculos novos e chamar o chaveiro... Só que - se eu começar a me ocupar deste tanto com todas as tarefinhas (chatinhas/invisíveis/profiláticas) do dia - não há 24 horas que dêem!!!

Sigo controlando o caos.

Já disse uma vez, e assumo publicamente, que estas necessidades mundanas vão contra meu desejo de produzir e ser artística e brilhar como uma libélula radioativa no espectro cultural Broadway / Hollywood / Sampauliceia. Tiro o dia para escrever, e lá para as quatro horas, morrendo de fome, preciso parar tudo e cozinhar [Aliás, amigos e familiares, desculpaê; se fosse para escolher do que (TOP TOP) sinto mais falta na minha ex-vida brasiliense, teria que ser a comidinha da Eva, balanceada, cheia de legumes e pronta na mesa, todo dia]. Semana retrasada acordei com um texto (de teatro) nascendo lindo na cabeça, com começo, conexões, meio, tudo! e era dia dos caras instalarem a wi-fi aqui em casa: quando eles foram embora e fiquei cara-a-cara com o computador, a estória tinha ido passear.

É comum eu ter a sensação de que o mundo atropela meus planos de sucesso internacional.

Já perdi o fio da meada do meu romance-thriller-superfodástico para as tweetadas ao vivo das manifestações na Paulista. Não consigo me concentrar na formatação (orçamentos, descrição, justificativas e tal) do meu primeiro espetáculo porque faltam itens na despensa. Estou com um punhado de crônicas paradas, esperando que eu acabe de decorar o apê. Gostaria de desenvolver um segundo ato/lado B para a peça que fiz no começo do ano, mas fico preocupada com consultas e exames médicos.

E, quando olho para meu mural de lembretes na parede do banheiro (OE?!?), vejo 13 ideias diferentes carentes de atenção! E, pior, não são as únicas...

Complicado. Ainda mais porque agora resolvi participar de um processo seletivo que pede 21 laudas (no mínimo) de conteúdo original... nos próximos 40 dias.

Então, meus amores, já lhes informo de antemão que supermercado, depilação, unha, hidratação de cabelo, limpeza de pele, malhação e dieta, benfeitorias domésticas, redes sociais, seriados na TV a cabo, ESTE BLOG, vai tudo ficar em stand-by - e Deus abençoe as contas em débito automático!!! - para eu focar apenas e tão somente na oportunidade que se apresentou.

Se alguém quiser ser meu/minha assistente do lar (é sem remuneração financeira, tá?), as inscrições estão abertas.

29.7.13

Fofura nível 1000

Fazer convite para aniversário/batizado de sobrinho/afilhado leva a cabeça da gente a tantos lugares... E, porque o Bento agora está na onda de Oliver e Seus Companheiros (oe? aquele desenho de 1988? sim, esse mesmo), fui procurar imagens relacionadas ao filme da Disney.

Daí esbarrei com esses chibis fofuchésimos do francês David Gilson:


No Deviantart dá para ver cada um separadamente, em tamanho grande, e escolher o mais cuti-cuti-coisa-linda-de-titia... além de outros mimos visuais!

Bon voyage.

7.7.13

Selma Bouvier

O que fazer quando você percebe que seus receios - tudo o que você tinha pavor de ser na vida - se concretizaram? Que, inegavelmente, você é uma tia solteirona, gorda, desgrenhada, desempregada, que vive enfurnada, de moletom, num apartamento na companhia de gatos e sem muitos amigos?


A verdade dói. Vou fazer 40 no domingo que vem. Não saio (muito) de casa sozinha, portanto não conheço pessoas novas interessantes. Portanto, continuo sozinha. E em casa.

Sou tia - e isto é muito bom, ao contrário do que me faziam crer todas as TIAS que proferiam ameaças de que eu ficaria "para titia" (nota da autora: quando criança, eu entendia "ficar PARA A titia", e pensava que teria que viver ad aeternum com a minha tia solteirona, numa relação meio João-Maria-e-a-bruxa). Meus sobrinhos são duas delícias, e os outros quase sobrinhos também me enchem de alegria com suas pequenas e grandes conquistas.

Sou solteira. Não por opção, mas pelas circunstâncias. Eu poderia ter me ajuntado, ou até casado no papel, mas hoje percebo que Deus foi bom para mim e me livrou de, pelo menos, duas encrencas. Eu poderia ter tido filhos com estas ditas encrencas; não tive. Deus foi muito bom! Ainda espero encontrar um plebeu encantado por aí... ou quem sabe um príncipe (vai que Deus quer realmente caprichar)?

Sou gorda. OK, ainda não me acostumei com a denominação - mas aí vamos entrar na discussão da gordofobia, de como o mundo pop nos faz sentir menos humanas e menos valiosas quando não temos o corpo da Barbie nem a fama da Gisele Bündchen, ou vice-versa - então digamos que sou, e sempre vou ser, grande e roliça. Porque não tem jeito, minha massa magra é de quase 60 kg e meço 1,80 m de Havaianas. Mesmo depois de emagrecer os 18 kg que pretendo, serei plus size. Acho bonito ter carne e curvas. E sou ótima companhia para o happy hour!!!

Sim, eu ando desgrenhada. Porque me recuso a ser lisa. Fazer chapinha me deprime; fico com uma cara enorme perdida entre dois pedacinhos murchos de cabelo (ainda que a textura esteja perfeita, as luzes super em dia, e tal)... Eu amo meus cachos. Quanto mais assanhados, melhor. E nem sempre consigo domá-los (aí, obviamente, tem que rolar um bom senso básico antes de sair de casa. Prendedor serve para isso. Mas muitas vezes o "desgrenhê style" passa no meu controle de qualidade).

Já dizia Ed Motta, eu não nasci pra sofrer. Se estou (ou sou) desempregada, é porque decidi não dispender mais toda a minha energia mental, e muitas vezes física, para facilitar a vida dos outros e deixar a minha própria (vida) de lado. Eu quase não me lembro de como era viver de salário fixo todo mês. Pode ser que algum dia eu volte a ter chefe, horário, cobranças, tarefas chatas, não sei. O que sei é que, no último ano, re-encontrei sonhos, comecei a procurar meu lugarzinho ao sol, e passei a acreditar no impossível. A cabeça cheia de projetos e a geladeira vazia: por enquanto está bom assim. Quero escrever muito e produzir mais ainda. Meu desejo é ver o bloco na rua. PROCURO PARCERIAS.

Como boa canceriana, minha casa é meu ninho. O melhor lugar do mundo. Se a rua lá fora tem perigo, frio, trânsito, bandido, bicho papão e sapo cururu, eu fico aqui... e vou ficando... dia após dia. Me sinto muito sem graça de sair para socializar sozinha (em barzinho, restaurante, ou eventos nos quais não conheço ninguém. Já acho que os frequentadores vão pensar "ó, coitada daquela senhora bebendo num canto!") e acabo reduzindo meu lazer a cinema e teatro - eventualmente, um show ou uma ópera - onde não interagir com os outros faz parte do programa. Se bem que, na verdade, minha motivação principal para viver trancafiada é econômica: não gastar com compras inúteis, gasolina, estacionamento, lanche, garrafinha de água mineral etc.

O que ninguém entende (este tópico merece DOIS PARÁGRAFOS) é que eu adoro receber os amigos. Quer me fazer feliz gastando pouco? Fala que vem aqui em casa. Aí sim, eu dou um upgrade na faxina, passo paninho em tudo, jogo Gleid no banheiro, tiro a calça do pijama, ponho até maquiagem, para fazer... nada. Nada junto é muito melhor que a solidão (mesmo no melhor lugar do mundo)! E sempre rola um petisco... porque casa de gordo tem que ter comidinha gostosa, né? HEHEHE

Quanto ao moletom e às gatas, nem vou falar nada. São as maiores felicidades da minha vida. Me mantêm macia, quentinha, amada e sã.

Agora vem o assunto sensível: os amigos. Vim para São Paulo sabendo que os dedos de uma mão eram mais que suficientes para contar aqueles com quem eu conviveria aqui. Na prática, entre os milhões de habitantes da megalópole, há duas pessoas fofas e translumbrantes que vejo com alguma frequência (e que, pelo motivo de serem apenas duas, devem suportar minha carência de contato humano), mas infelizmente eles têm trabalho fixo, chefe, horário, cobranças, problemas pessoais, essas coisas... Acabo não os procurando mais porque acho que estou perturbando. Provavelmente estou mesmo. Em todo caso, saibam que gostaria muito de encontrá-los toda semana, e que aceito convites para programas de índio variados... desde ver Kardashians na televisão a gastar duas horas e meia no trânsito para jantar no shopping. Para vocês, eu sou 24/7; podem ligar!

Então. Respondendo à pergunta lá de cima, sinceramente não sei se há algo a fazer. O tempo passou, os quilos se acumularam, o moço bonito não apareceu, alguns amigos se tornaram ocupados e importantes demais para minha condição anônima, outros se decepcionaram porque não sou tudo aquilo que esperavam de mim (SO SORRY), e a vida de estabilidade funcional não conseguiu me ganhar.

Nem assim chego a me ver como um fracasso total. Ainda acho que sou uma mocinha feliz, romântica e saltitante, que chora com filmes e é amiga para todas as horas. Cuido da pele, dos dentes, do cabelo, da depilação, gosto de me vestir bem, aprecio uma boa conversa, rio à toa, viajo, me interesso por vários assuntos, lido bem com dinheiro... sei lá...

Ou talvez eu esteja em negação, e seja mesmo uma encarnação fiel da tia solteirona dos Simpsons.


Help.

15.5.13

quinzena 5x09

"Tudo tão errado que parece certo" - BeFit in90, dia 0

FOBIA: do bumbum irritado da Pepê :/
PÉ E MÃO: bolinhas coloridas #estilomanicurecaradepau
UMA FRASE: "Amiga, você ainda vai encontrar ele"
MÚSICA: ... Lupicínio na veia (Anna Toledo e elenco)
DELÍCIA: feijoada e pavê da Lau, com primos e bebês
MANIA MALDITA: só carimbar estacionamento na hora de saída!

15.4.13

quinzena 5x07

O irmão da fralda!

MÚSICA: "O Amor Viajou" (Zeca Baleiro)
FOBIA: de deixar minhas filhas sem babá
PÉ E MÃO: "Amarelinha" da Avon
DELÍCIA: o aniversário de D. Ana - mesmo sem foto
MANIA MALDITA: comer desbragadamente na casa de Mamis
UMA FRASE: "Faz 50?" "Não senhora, faz 25..."

31.3.13

quinzena 5x06

Tô ligada!

PÉ E MÃO: "Pé na Areia" da Avon
MANIA MALDITA: tentar comer um bolo inteiro O_o
MÚSICA: "João de Barro" (Leandro Leo)
FOBIA: da Pretinha com coleira... ou sem coleira?
DELÍCIA: arrumar a papeleira da sala
UMA FRASE: "Quem é o seu público?!?"