11.8.13

Regras de uma vida desregrada

O despertador me grita, inflexível, às 9h20 da manhã todos os dias. Desligo o alarme e durmo até onze e meia, meio-dia. Não costumo ver motivos para me levantar antes disto. Ligeiramente depressivo, eu reconheço.

A agenda do dia é realizada na seguinte ordem: xixi (e vinte minutos de cafuné na Pretinha), um copo d'água, remédio do joelho, água para as gatas, café da manhã, limpeza das caixinhas de areia, varrer a casa, colocar a ração. Só então recolho os restos (prato, caneca, faquinha) sujos da mesa e vou escovar os dentes. Critiquem se quiserem, mas seguir esta rotina me habilita a não pular atividades importantes... Sim, eu sou capaz de me esquecer de ir ao banheiro!

começa a confusão, porque em alguns dias eu arrumo cuidadosamente a cama e em outros não. Às vezes só estico as cobertas e dou uma batida nos travesseiros. Tem dias em que me lembro de lavar as roupas sujas, mas normalmente uma meia chega a ficar dois ou três dias de molho, caso eu não passe pela área de serviço no decorrer das tardes. Os lençóis que deveriam ser trocados de 15 em 15 dias dormem quase um mês ininterrupto comigo, assim como o pijama da vez. Sei que devo frequentemente aspirar o pó, passar pano, limpar as prateleiras, organizar papeis e contas, dar conta da louça, descongelar carnes para o almoço, molhar meu antúrio baby, consertar o abajur (ou outro badulaque) quebrado, descer com mais peças para a costureira ajeitar, procurar um sapateiro... sem falar em mandar fazer óculos novos e chamar o chaveiro... Só que - se eu começar a me ocupar deste tanto com todas as tarefinhas (chatinhas/invisíveis/profiláticas) do dia - não há 24 horas que dêem!!!

Sigo controlando o caos.

Já disse uma vez, e assumo publicamente, que estas necessidades mundanas vão contra meu desejo de produzir e ser artística e brilhar como uma libélula radioativa no espectro cultural Broadway / Hollywood / Sampauliceia. Tiro o dia para escrever, e lá para as quatro horas, morrendo de fome, preciso parar tudo e cozinhar [Aliás, amigos e familiares, desculpaê; se fosse para escolher do que (TOP TOP) sinto mais falta na minha ex-vida brasiliense, teria que ser a comidinha da Eva, balanceada, cheia de legumes e pronta na mesa, todo dia]. Semana retrasada acordei com um texto (de teatro) nascendo lindo na cabeça, com começo, conexões, meio, tudo! e era dia dos caras instalarem a wi-fi aqui em casa: quando eles foram embora e fiquei cara-a-cara com o computador, a estória tinha ido passear.

É comum eu ter a sensação de que o mundo atropela meus planos de sucesso internacional.

Já perdi o fio da meada do meu romance-thriller-superfodástico para as tweetadas ao vivo das manifestações na Paulista. Não consigo me concentrar na formatação (orçamentos, descrição, justificativas e tal) do meu primeiro espetáculo porque faltam itens na despensa. Estou com um punhado de crônicas paradas, esperando que eu acabe de decorar o apê. Gostaria de desenvolver um segundo ato/lado B para a peça que fiz no começo do ano, mas fico preocupada com consultas e exames médicos.

E, quando olho para meu mural de lembretes na parede do banheiro (OE?!?), vejo 13 ideias diferentes carentes de atenção! E, pior, não são as únicas...

Complicado. Ainda mais porque agora resolvi participar de um processo seletivo que pede 21 laudas (no mínimo) de conteúdo original... nos próximos 40 dias.

Então, meus amores, já lhes informo de antemão que supermercado, depilação, unha, hidratação de cabelo, limpeza de pele, malhação e dieta, benfeitorias domésticas, redes sociais, seriados na TV a cabo, ESTE BLOG, vai tudo ficar em stand-by - e Deus abençoe as contas em débito automático!!! - para eu focar apenas e tão somente na oportunidade que se apresentou.

Se alguém quiser ser meu/minha assistente do lar (é sem remuneração financeira, tá?), as inscrições estão abertas.

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