13.8.05

Trilogia Mineira I - Andante

Lá se vai Jureminha para Beagá visitar sua madrinha e passar o Dia dos Pais com vovô Gão-de-Bico e vovó Ervilhinha Jurema...

O local de embarque está lotado. Milhares de pessoas (bem, nem tanto) se acomodarão em breve dentro de quatro grandes veículos com poltronas acolchoadas e ar condicionado "vip". Ônibus de dois andares é chique. Dá para ver a cidade lá embaixo, os carros passando, postes com lâmpadas de mercúrio amarelo, o asfalto deslizando suavemente; você é grande, você é poderoso. Pequenos televisores à frente dos assentos aguardam o momento de serem acesos. Os minutos passam, a cidade passa, a estrada passa. A iluminação se apaga e as televisõezinhas não se acendem. Não tem filminho. Bem, a viagem acaba de ficar mais longa... A temperatura está boa, eis ali um cobertor e o balanço do ônibus até que serve para ninar gente grande. Um cochilo deve fazer o tempo passar mais fácil. O travesseiro é um retângulo de espuma dura, envolto em uma fronha de cheiro estranho. Inutilizável. O pescoço dói, mas vamos lá. Paciência. No primeiro grande buraco das estradas de Minas, uma chacoalhada que acorda a todos. Uuuuh! Então vêm o segundo buraco, o terceiro, todos em velocidade de cruzeiro (Jesus, esse motorista não tem amor à vida, não?). A noite se transforma em uma sucessão de buracos e sonecas rápidas em meio à turbulência. Os vizinhos da frente não tiveram a piedade de fechar suas cortinas: as luzes brancas fluorescentes entram sem dó nos olhos cheios de areia desta chacoalhada viajante. Às cinco da manhã, o coro lá do fundo entoa: "Seguuuuura, pião!". Rir é o melhor remédio. A partir de então, os passageiros do segundo andar - definitivamente acordados - acompanham conscientes o passeio pela montanha russa em que o ônibus se encontra. A chegada se dá com uma hora de atraso, embora até então não se saiba por quê.

Diagnóstico: suspensão quebrada. Isto quer dizer que o veículo estava praticamente rebaixado, voando rente ao chão durante 10 horas. E o povo pulando feito pipoca lá dentro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Imagine-se a viagem de volta deste ônibus!!!!