12.6.11

O dia em que eu cansei

Fui dona de um coração precoce: me apaixonei antes dos 7 anos de idade, por um coleguinha que, após dezenas de meses de convivência e conversa na turma do fundão, confessou que gostaria de me namorar. Uma semana depois, me mudei para Brasília. Ah well, quem disse que amar não é sofrer desde cedo?

Quando fiz 9, ao assoprar as velinhas, pedi um namorado. Assim, como quem pede um cachorrinho para o Papai Noel. Se as amigas tinham, eu também queria um. Repeti o desejo aos 10, aos 11, 12, 13, 14... e, de lá para cá, perdi a conta de quantos nós dei em fitas do Senhor do Bonfim, quantas vezes tive "a conversa" com Deus e quantas medalhinhas pendurei no pescoço com esse mesmo propósito.

Já promovi um brunch em homenagem a Santo Antônio; já fiz novena, trezena, quinzena; já escondi o Menino Jesus.

Digamos que nem sempre tenho tido sucesso no meu pleito. Tá bom: a única vez que um significant other me presenteou no Dia dos Namorados, foi com um hidratante de ureia e um creme para pentear, "porque seu cabelo está meio detonado da piscina". Vá para a P.Q.P.!!! E quem se permitiu um dia me chamar de namorada, subitamente (ao assumir que queria voltar para a ex) mudou meu status para - rufem os tambores, tara-tara-tara-rarar - um rolinho indefinido. 'Tomar no c*... Pronto, falei.

Enquanto o tal romance não se desenrolava, me especializei em sonhar. Tive uma noite de amor com Val Kilmer, vivi praticamente casada com Brendan Fraser até que o traí com Kyle Chandler (vejam bem, o nível de celebridade vem caindo; não me taxem de superexigente!). Comecei a flertar com Colin Firth quando ele fazia papeis fofos em comedinhas românticas - alguém aí viu Hope Springs? - e, em 2010, conheci David Denman. Agora estou mais interessada em um estilo Seth Rogen. No mundinho da minha imaginação, o homem da minha vida é uma mistura de todos eles.

De volta ao mundo real: 12 de junho é sempre um dia que me deixa down. Porque rezar e esperar, claramente, não funcionam para mim. Não adianta eu me apaixonar a cada esquina que o coração dobra. Meus amigos não têm ninguém para me apresentar - ou, imagino eu, já o teriam feito. Ele (o cara) não vai simplesmente aparecer na minha porta.

Então, hoje me arretei. Vou sair do meu costumeiro domingo morno à frente do computador, tomar um banho, passar perfume e batom, baixar minhas expectativas e sair para dar pinta no supermercado aqui do subúrbio.

Não é possível. Deve haver algum solteiro mais-ou-menos-aceitável (sim, atingi este nível), de preferência com todos os dentes, por aí, para chamar de meu.

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