24.2.14

#DL - Brilha, brilha, estrelinha!

tema de fevereiro: JULGANDO PELA CAPA

(Catei aquele volume azulão com vistosas estrelas em amarelo-ouro que me esperava na cabeceira desde o Natal de 2011.)

foto de Renata Pinheiro, no Flickr

Marian Keyes é autora de vários livros de mulherzinha, como Férias, Melancia e Casório. Em A Estrela Mais Brilhante do Céu, ela volta a falar de relacionamentos, amor, família com o mesmo enfoque inicialmente naïf das outras obras, com a diferença de que aqui o personagem principal (mesmo que subentendido) é... um prédio: o número 66 da Star Street, onde (quase) tudo se desenrola.

Outro diferencial é que a estória possui um narrador externo que observa todos os apartamentos e seus moradores, à procura de algo que, a princípio, não sabemos. Confesso que, quando o objetivo (deste narrador) é finalmente esclarecido, exalei um sonoro "Oooow...". Consequência de se ler chick lit.

Ainda assim, considero que esse clímax leva capítulos demais para acontecer.  Nos outros livros de Marian Keyes, também os conflitos são apresentados mais cedo.

Sim, ela trata de assuntos sérios (como nos romances anteriores, nos quais aborda adicção, abandono e violência psicológica, pressões sociais), mas - não sei se por medo de pesar demais a mão, ou pela quantidade de tramas paralelas que tomam centenas e centenas de páginas - a parte mais cinzenta do enredo fica varrida sob o tapete até próximo do final e tem uma resolução, embora bem explicada, rápida e sem maiores aprofundamentos.

Acho que meu lado sádico se acostumou a ver as personagens de Keyes comendo o pão que o diabo amassou. Em "A Estrela Mais Brilhante..." há um sofrimento contido, internalizado. Não deixa de ser bom; apenas traz um ritmo diferente.

Se outras obras da autora seriam filmes deliciosos, dada a riqueza de todas as tramas presentes (que, em determinado ponto, se tornam sim necessárias), esta deveria ser transformada em série! 

Já aceito, de antemão, integrar a equipe de roteiristas.
Nem que seja para "saber" que fim levará - lá pelo segundo ou terceiro ano - a relação entre a irlandesa Lydia e o polonês Andrei. Ou para acompanhar as trapalhadas amorosas e sexuais de Fionn no interior.


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4.2.14

#DL - A desfrutável

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tema de janeiro: NA ESTANTE

(O pobre do livro possuía uma camada de poeira considerável, porque foi comprado numa promoção de "qualquer título por R$10" e prontamente colocado sobre a mesinha, ainda em Brasília. Moro há quase dois anos em São Paulo. Já era hora de alguém resgatá-lo!)

Pensei que Messalina - A Imperatriz Lasciva, de Siegfried Obermeier, fosse uma narrativa das incursões sexuais, aventuras, traições e escapadelas da protagonista. Sim, elas estão lá, mas em um grau menor do que se espera de uma obra que traz a lascívia já no título. Na verdade, sua condição de mulher do imperador Cláudio César toma uma grande parcela do enredo, que descreve planos e golpes de Estado (como a derrubada de Calígula) com detalhes.

arte de Victor Tchetchet (1945)

No seio do Império Romano, no qual homens e mulheres de destaque tinham amantes, desconhecidos e conhecidos, a pequena Valéria Messalina nasceu com curiosidade para o sexo. Nada demais para a época. A moça era filha mimada de um senador. O problema, pelo que conta o livro, era a falta de critério e de discrição. E as mentiras e tramoias para conseguir o que queria, na hora em que queria (do jeito que queria).

Quer dizer, num certo ponto, ela se entrega ao meretrício.
E resolve que quer-porque-quer um tal Gaio Sílio, homem bem casado e de vida (até então) tranquila.

São 569 páginas de muitas articulações políticas, vários capítulos dedicados à vida do Augusto Cláudio - o que são pontos positivos! - mas falta luxúria... sedução... fantasia, talvez. Às vezes o autor imprime alguma sensualidade no texto, mas logo se atém aos aspectos físicos e fisiológicos do "ato".

Sei lá. Me parece que uma mulher de sangue latino, cujo nome se tornou sinônimo de promiscuidade, devia gostar bem mais do rala-e-rola do que nosso biógrafo - historiador, alemão, homem - conseguiu ou teve coragem de transmitir. As personagens são fantásticas. Só precisam de um olhar mais caliente.